3º ano adapta a polêmica filosofia Nietzsche sob a crítica dos valores morais fictícios da sociedade e no acaso da vida em nossos impulsos irracionais.
Desde que Nietzsche “matou” Deus, muito se questiona a cerca de uma existência além desta que vivemos neste instante. Segundo o pensamento Nietzschiano, valores morais e divinos são fictícios e limitam a potência de poder intrínseca a nossa própria vida. A ideia de sermos impulsos caóticos encapsulados pela razão da moralidade – em tese – evidenciam o quão frágil pode ser o invólucro de sociedade em detrimento a nossas verdadeiras vontades de poder – teoricamente – reprimidas. Para Nietzsche, a transvaloração dos preceitos morais ilustraria o famoso conceito de Übermensch, o “Além Homem”. Em The Sinner 3, o arcabouço teórico da filosofia Nietzschiana, traduz a trágica subversão moral na pele de um assassino bizarramente humano.
O habitual caso a ser resolvido envolve um acidente automotivo no qual uma vítima e um sobrevivente são objetos de estudo na suspeita intuitiva do detetive Ambrose dada as circunstâncias estranhas do ocorrido. Jamie Burns, o sobrevivente, é um pacato professor prestes a ser pai, e seu comportamento defensivo logo chama a atenção na investigação acerca do ocorrido. Entendemos a relação de amizade entre a vítima (o assustador Nick Haas) e o professor via flashbacks e estes elucidarão a dinâmica dos jovens universitários e simpatizantes da filosofia de Nietzsche. Haas exerce o papel controlador e influente junto a Burns, e o reencontro de ambos depois de anos sem interação, configurará a composição do acidente e suas consequências trágicas. Aqui é importante ressaltar a atuação de Matt Boomer no papel de Burns, impecável em seu propósito de empatia do ponto de vista humano em seus dilemas pós acidente, por mais revoltosos que o sejam a nossa percepção moral.
A conclusão do caso se auto afirma em sua base filosófica fazendo com que o Prof. Burns valide a tese Nietzschiana a respeito dos impulsos refreados pela nossa suposta moralidade em uma ação inesperada do detetive Ambrose, criando uma inversão de papéis que colocam o vilão sob o famoso aforismo do abismo, onde Burns, por medo do instante vivido, não foi capaz de lhe retribuir o olhar. O final é pesado, caótico, traumático, e bizarramente humano. Talvez Nietzsche tenha razão, as máscaras da moralidade tornam a vida mais “suportável”, por mais ficcionais e limitadoras que estas sejam.
